Ao som de <i>A tourada</i>

Aurélio Santos

Na encenação para telespectador-ver que foi o congresso do PSD, senti- me várias vezes a tropeçar na letra da canção de Fernando Tordo, A tourada.
O show iniciou-se com o discurso de Passos Coelho.

E A tourada lá estava a repetir-me: Entram cavaleiros à garupa do seu heroísmo...
Passos Coelho a cada frase repetia: «bla,bla,bla, nós somos sociais democratas»...
Do alto da sua cátedra em tom doutoral foi debitando números ao seu jeito.
Fingindo falar de História, contou-nos a história dum país que ele próprio inventou.
Pelo meio foi dizendo que a CES imposta aos reformados não é uma necessidade é uma questão de justiça: É óbvio que quem recebe mil euros de reforma tem que ser solidário – e contribuir para pagar a corrupção do BPN (feita por distintos militantes do PSD), tem de ser solidário com as rendas excessivas da energia e com os agiotas das PPP.
Ponto alto deste discurso foi quando Coelho disse: imaginem que há neste país quem não pague impostos (ou seja, quem ganha menos de quinhentos euros!) e tenha saúde e educação de borla. (Alguém poderá explicar a este senhor que os imposto são uma forma de redistribuição de riqueza e é fundamentalmente para isso que devem servir?)...

E como não podia deixar de ser, também ali como na canção, entram velhas doida, entram aldrabões.

Alucinado é o que se pode dizer do discurso de Paulo Rangel que esfuziante de alegria por não ficar no desemprego prometeu solenemente «matar» todos os socialistas que se atravessem no seu caminho.
Mais tarde em jeito de turistas foram chegando antigos dirigentes do PSD, acotovelando-se para cumprimentar o chefe Coelho.

Subiram ao palco para dizer não se esqueçam de nós: mesmo quando críticos estamos sempre cá. Neste capítulo o actor principal foi Rebelo de Sousa que teve de moderar os brados e olés dos nabos que não pagam nada quando inoportunamente bateram palmas quando ele atacou o CDS-PP, parceiro de coligação...
E como não podia deixar de ser, também ali como na canção, entram aldrabões, entram benefícios e cronistas.

Num Congresso do PSD entram também muitos dólares, muita gente que recebe lucros aos milhões.




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